31 de mar. de 2011

DOM DE TRANSMITIR...



Imagem do amigo fotógrafo Severino Silva do Jornal O DIA.

DOM DE TRANSMITIR...


É dito que “uma imagem vale mais do que mil palavras” e é bem verdade. Foi assim que nos primórdios da humanidade a comunicação se dava. Através das gravuras rupestres houve o elo para entendimentos entre os homens.
Uma imagem é mesmo como um texto. Na pintura ou na fotografia, quem a produziu quis de alguma forma transmitir uma mensagem a todos os que vissem sua obra. Diante dela, muitas vezes conseguimos decifrar o que o artista ou fotógrafo quis passar com sua sensibilidade.
A ilustração de uma flor dispensa qualquer palavra. Uma flor fala por si. A beleza estampada é poesia. É sentimento puro  “ à flor da pele”. Uma fotografia de pássaros sujos de óleo à beira do mar grita-nos o desrespeito com a vida. Dos animais e nossa. A Natureza pede cuidado e ajuda. O choro de uma criança faz-nos piedosos com o desejo solidário de abraçarmos causas sociais em seu favor. Uma pomba que voa diante  de um polcial fortemente armado, reproduz o desejo de que a violência tenha fim e que vivamos dias de brandura.
Fotografar ou pintar carece de sensibilidade e dom. Fotografar,  qualquer pessoa atualmente munida de uma câmera digital é capaz disso. Agora fotos que dizem tanto só quem tem dom e sensibilidade para capturar algo que todos olham, mas não conseguem perceber. Fotografar é como compor poemas ou música. Não é simplesmente mais uma foto. O  recado é o mais importante numa imagem. É aí que entra a aptidão singular do fotógrafo.
No caso de pinturas ocorre algo interessante, conforme o momento observado poderemos dar diferentes interpretações dependendo do humor. Felizes, identificamos sorrisos. Tristes, o choro é percebido com facilidade, como se nossa dor estivesse ilustrada naquela cena. Há artistas talentosos que conseguem essa proeza, de mexer bem lá em nosso íntimo. Ele busca a mais sutil opinião para seus desenhos.
Aprecio demais quem tem esse dom de transmitir universos de palavras em uma única imagem. O artista dispõe a gravura, agora o texto, a história, somos nós que escrevemos com nossa fértil imaginação.
Diante da arte visual podemos sentir amor, alegria, ódio, otimismo, revolta, medo, saudade, em suma, uma gama de sentimentos. Tanto se diz, muito lemos pelos signos das tintas e das lentes sensíveis de mãos talentosos desses artistas. Do pincel ou da câmera.
Que tal ir a uma exposição de quadros ou fotografias para ler a poesia latente de seus autores? A leitura, no entanto, terá que ser lida não com os olhos, mas com o coração!
Seja feliz todo dia! A vida é feita de momentos únicos. Aproveite-os!rs

ADENDA:
"Na  foto acima, o policial ferido na favela do Fumacê, Zona Oeste, em setembro de 2009. Após ser medicado, o policial retornou ao confronto para continuar em ação. Esta foto foi publicada no ano passado no livro O melhor do fotojornalismo brasileiro."


























DOM DE DIZER...


Imagem do meu arquivo pessoal. Folha de exercício com efeito difusor por privacidade e cautela da minha filha.
DOM DE DIZER...
Na folha contendo exercícios de Literatura Brasileira, está o poema de Vinícius de Moraes, Soneto da separação. Disposto sobre a cama, o papel parece enternecido com as letras inseridas em si. Uma honra para ele ter impresso tão belos e ricos versos.
O Soneto da separação, para mim, é um dos mais belos a falar sobre desuniões. A riqueza do lirismo empregado em cada linha faz-nos sentir toda dor e desconsolo dessa hora de separação.
Quem já não viveu um momento assim? Quem não se rasgou em rimas, versos, letras, pingos e reticências. E na falta de intimidade com as palavras soltou o grito cortante dos que sofrem pela perda afetiva. Há quem silencie no choro. Prefira a mudez dos sentires, calando no coração toda tristeza do adeus sem volta.
“(...)De repente, não mais que de repente/Fez-se de triste o que se fez amante/E de sozinho o que se fez contente...”, não vê quanta beleza nestas linhas? Divina arte de escrever. Escrever vai além dos anos em salas de estudo. Escrever é dom. É talento de veia. É visceral!
Admiro essa capacidade que poetas têm. A habilidade em arrumar as palavras recheando-as com sentimentos. Quando lemos, provamos de tudo o que eles desejam transmitir. Se as letras são de amor, nosso coração arde. Quando versos soluçam de separação, nossa alma chora ausências. Agora, se as letras riem de alegria, até acreditamos que a felicidade não tem fim. Nas letras de zanga, tomamos as dores para nós.  Enfim, um espetáculo são todos os poetas, escritores e compositores que têm a sensibilidade de transformar vocábulos frios em sonetos, poemas, prosas e versos puros chamas de emoção.
Poesias surtem efeitos quando bem elaborados. E ficam para sempre em nossas vidas brindando ocasiões memoráveis. Alegres ou tristes, não importa. O relevante é nossa sensibilidade de absorvermos tudo o que poetas querem transmitir. E, geralmente, quem tem o dom, sabe bem dizer.
E lá, em cima da cama, onde pela pressa para ir ao colégio, minha filha deixou a folha de exercício, o soneto de Vinícius a espera pacientemente para que, um dia, no seu tempo de florir  ideias amadurecidas para novas emoções, possa entender todo o sentido e significado de um amor quando acaba. 

A vida é pura poesia que nos escreve todo instante belas histórias!rs

Seja feliz todo dia!






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