Imagem de Pauletto J A - "Solitária!"
DE MÃOS DADAS COM A SOLIDÃO...
Do lado de lá do grande salão a observava. Percebia-a solitária e triste correndo os olhos em busca de proteção. Solitários carentes e receosos olhos querendo aconchego de uma palavra apenas para espantar o vazio. Contradição! Onde tantos, ela só.
Aproximou-se da jovem de beleza simples. Pouca maquiagem destoando das demais meninas no recinto. Não havia elegância nas suas vestes. Gestos e modos também simples na expressão do corpo. No entanto, um brilho intenso o atraía até ela como mariposa seduzida pela luz do lustre.
Pigarreando como que para quebrar o silêncio, sem mesmo fazer cerimônias perguntando-lhe qual nome ou se estava a espera de alguém, nada. Limitou-se a convidar:
- Venha para mais perto de mim, dá-me um abraço!
Desconcertada sem ter certeza se era ela a quem o belo rapaz se referia. Abaixou os olhos e arriscou ao chamado. Ainda que as falas não lhe fossem dirigidas, era a primeira vez que poderia dizer uma palavra desde que adentrou ao salão de festas:
- Por que eu? Ninguém quer ter por companhia uma pessoa triste... Muito menos dar-se ao trabalho de um carinho.
E mais perto dela, o belo rapaz educadamente respondeu aos temores da jovem: - Ninguém quer por companhia alguém triste? Diga-me quem nunca esteve triste nesta vida? Agora alegria, nem todos têm. E como hoje estou riso solto, posso dividir minha alegria que ainda me sobra!
A jovem sorriu. E no abraço foi-se embora a tristeza de mãos dadas com a solidão.