14 de jul. de 2011

O MAIS MODERNO EQUIPAMENTO DE TODOS OS TEMPOS!



Escrevia sempre nas últimas páginas do caderno. Enquanto a professora corrigia algum colega de aula, aproveitava para deitar no papel uma criatividade que surgia da sua imaginação. E virava história.

Quando ganhou do pai a nova Remington, uma tristeza invadiu-lhe o coração. A intenção era de que a máquina de escrever lhe auxiliasse nos trabalhos escolares. Mas para ela era o fim de sua inspiração. Caderno e lápis eram seus colaboradores e confidentes. Os três conheciam cada letra nascida do ventre do lápis. Era através dele que conseguia pôr externamente as ideias da mente. Como conseguiria relatar em uma máquina as tantas fantasias desenhadas em seu interior?
Surpreendeu-se tempos depois em ver que novos textos surgiram mesmo sem seu lápis. A máquina tomara lugar do amigo lápis e com agilidade escrevia tantas letras fossem necessárias para infinitas histórias. Com direito a reticências, pontos e vírgulas!
Passaram-se anos, a tímida e criativa menina de ontem tornara-se jovem. Crescida, curiosa e falante já não tinha  dificuldade em manusear a máquina. Achava era uma beleza poder contar com o recurso da velha máquina de escrever.
Mas o tempo passa e com ele surgem novidades. Não foi diferente para a jovem que gostava das letras.  Com o voar dos anos, a jovem  deu lugar a mulher adulta. Responsável. Experiente. Bem, nem tanto experiente para as modernidades que surgiam no novo mundo. Outra vez deveria abrir mão da antiga máquina, assim com fizera com o lápis, para aquilo que revolucionaria sua vida – um computador!
Teve medo do novo.  Sentiu também o coração entristecido pelo abandono da máquina. E de novo, o medo de perder a habilidade com as palavras sem sua parceira datilográfica. Perderia sua inspiração! Não saberia criar sem a máquina. Como se adpatar ao novo instrumento? Aquele computador era Jornadas nas Estrelas demais comparado ao seu passado jurássico! Certamente secaria toda fonte da capacidade de criação.
Entre as incertezas das trocas, entre os receios do novo, a mulher finalmente descobriu que suas ideias não provinham do bom lápis, nem da antiga máquina de escrever, muito menos das multifunções de um computador. Elas vinham do mais perfeito e moderno equipamento de todos os tempos – o cérebro humano.


Djanira Luz
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