19 de jul. de 2011

FUGAS NAS FANTASIAS

Saudoso Cartola
Imagem do Blog do Acir Antão



FUGAS NAS FANTASIAS


Quando a Estação Primeira da Mangueira desfilava, o mesmo ritmo bum-bum-burum-bum-bum da bateria da Escola de Samba, batia feliz o meu coração.
Acho que meu amor pela Mangueira deu-se pela simpatia das cores e apreciação da fruta. De manga gosto muito e rosa toda menina adora. Depois tive a confirmação de ter escolhido certo a Escola de Samba para torcer quando ouvi Cartola cantar “as rosas não falam”. Justo no momento em que a poesia desabrochava em minha vida e me seduzia pela escrita.
 Sonhava em um dia desfilar com uma bonita fantasia. Seria toda rosa com detalhes verdes. O rosa todo brilho da alegria possível e o verde tão vivo quanto viva era minha esperança em desfilar pela Mangueira.
A poesia, porém, falou mais alto dentro em mim e, aos poucos, troquei as fantasias de Carnaval pelas vestes da imaginação. Lembro de ter criado um mundo todo encantado só meu. Era lá que me refugiava quando o real parecia feio e confuso com os problemas que os adultos criavam.
O mundo fantasiado era tão belo e confortável. Lá colori a alegria de rosa e não encontrei outra cor melhor para a esperança senão a verde mesmo. Podia me ver no futuro. Crescida. Feliz e realizada.
No meu mundo inventado tudo era bom sem as lembranças ruins do presente que vivia a fugir. Por isso amava a capacidade de fantasiar! O sofrimento era tão grande e real, diferente do que sonhei viver nos mágicos dias da infância. Com a imaginação tinha uma válvula que me permitia mascarar a tristeza.

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