Imagem do livro "Imagens gaúchas - RBS publicações, pág. 06"
INDELÉVEIS CICATRIZES...
Tenho cicatrizes visíveis e as ocultas. Algumas me reportam para dias de molecagem e trazem de volta ao rosto o riso maroto de menina travessa. Há cicatriz que lembra bronca de pai: “Quem mandou subir no muro!?” e, tem algumas que me colocam ao lado da melhor amiga dos dias felizes da infância. A mesma marca que tenho no joelho, ela ainda deve ter uma igual, creio.Quase já não tão nítida, mas a lembrança do tombo deixa-a sempre marcante aos meus olhos.
Tenho cicatrizes dentro do corpo, subcutâneas. Das duas cesáreas que me trouxeram filhos do ventre ao colo. Foram as melhores marcas da minha vida! Cicatrizes têm essa coisa de serem recordações. Das lágrimas felizes ou de nos fazerem chorar uma dor sofrida.
Tenho cicatrizes por dentro,bem tatuadas na alma. Quando o pensamento toca-as, uma saudade escorre dos olhos. Sim, são cicatrizes deixadas do amor que não vingou. Foi-se o tempo da paixão, mas ficaram em mim de lembrança, as suas marcas.