2 de dez. de 2010

LÁGRIMAS NAS MÃOS...



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LÁGRIMAS NAS MÃOS...


O suspiro profundo sinalizava toda a tristeza. Passando as mãos sobre os olhos, reteve as últimas lágrimas de saudade. Prometera para si enxugar o coração das lembranças. Como se fosse simples! Como se fosse lhe dado poder de escolher sensações...

Não era Deus! Nem tinha sequer poderes das deusas mitológicas. A vida de reles mortal impunha-lhe degustar sentimentos fortes e dolorosos. Viu-se forçada a suportar aquela dor sobre-humana como se super-heroína fosse. Preço injusto por amar demais quem não mereceu ser amado.

Pela primeira vez odiou o amor! Coisa mais descabida apaixonado sofrer! Amor é vida, alegria, prazer, exaltação! Por que então sentia o peito dilacerado, sufocado da ausência do ser querido? Precisava lavar a alma. Faxinar o lixo que se fez em seu interior com os pedregulhos de desilusões que havia acumulado do tempo das ausências.

Em desespero, ansiando livrar-se da solidão de amor, liberou o grito sufocante:

- Vai de mim amor soberano! Não desejo mais sofrer! Prefiro sofrer a aridez dos sentires a viver a solidão do amor que acabou. Nunca provei tristeza maior do que esta! Livra-me! Vai de mim! Imploro...

Observando a umidade das lágrimas ainda cálidas por entre seus dedos, antes do adeus final, sentiu  todo o poder e a beleza do amor vivido no tempo onde dois corpos fundiram-se em um.

E foi assim que viu seu amor intenso evaporar da sua vida pelas suas próprias mãos...
 
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