Imagem arquivo pessoal - 02/01/2012
Obidel i clos-clos, prima Inês!
Muita risada surge quando olho para trás dos meus dias e me lembro dela. A prima Inês. Era uma figura! Engraçada, uma porralokinha que só ela e mais ninguém neste mundo. Tinha uma lábia para inventar histórias e um talento para nos fazer acreditar em cada sílaba saída de seus lábios. Não era perfeita. Aprontou tantas e todas quanto pôde. No entanto, Inês era amada por muitos. Meus irmãos e, principalmente minhas irmãs e eu a amávamos uma quantidade. Ela nos seduzia com seu jeito fácil de inventar histórias e brincadeiras. Era mais que nossa prima, era nossa líder! Mais velha e mais esperta, era grande a admiração que tínhamos por ela que seus deslizes tornavam-se tão microscópicos às nossas críticas.
O que eu mais admirava na Inês, era o seu coração. Tinha um coração enorme! Vivia sorrindo e contando casos cômicos fazendo-nos rir com seu modo divertido de tornar as coisas mais engraçadas. Era também muito bondosa e despojada. Mesmo gostando de um objeto, doava-o para fazer feliz alguém triste ou doente.
Creio que minhas irmãs e eu nunca nos esqueceremos daquela linguagem que prima Inês inventara. Na mente dela, era uma nova a forma de falar outra língua, já que não sabíamos falar o Inglês. Então Inês nos ensinou a falar assim: “Obidel i clos-clos”. Com um detalhe importante, não podia simplesmente falar “obidel i clos-clos”, era preciso falar forçando a garganta. Por ser bem pequena, eu não conseguia falar tão bem quanto minhas irmãs de dez ou doze anos de idade, pois doída minha garganta. Não importava, eu falava do meu jeito pequena de ser!
Hoje a lembrança da Inês veio machucar meu coração. Enquanto a chuva caía sobre o solo, as lágrimas escorriam de mim. De repente aquela palavra estranha que a Inês inventara saiu da minha garganta fazendo-me rir. Enquanto voltávamos de Minas contei esse episódio da minha história para meus filhos que não pararam de rir. Acho deve ser arte dela quando cai tanta chuva assim. E olhando para o céu, falei para Inês:
- É prima, você deve estar fazendo os anjos chorarem de rir aí em cima!
Prima Inês era assim, toda doida e toda alegria. Nem muito santa, nem toda certa, mas de um coração que não me cabe!