16 de jan. de 2019

O MUNDO ALTERNATIVO DOS CRIADORES...

Bem antes de toda esta modernidade que temos vivido, das novas descobertas e invenções, do avanço intelectual e tecnológico, eu me via com ideias a mil sobre essa realidade alternativa. Isso se deu quando ouvi pela primeira vez o tema de abertura do Sítio do Pica-pau Amarelo: (...) voo sideral da mata, universo paralelo... - . Naqueles dias sequer imaginava de que se tratava essa realidade, e foi daí que comecei a observar, a investigar, a perguntar, e a deixar minha mãe de orelhas quentes, e sem respostas sobre o assunto. E assim me vi imaginando, se paralelas eram duas retas que seguiam na mesma direção, então podia mesmo ser que existisse uma realidade ao meu redor. ainda que eu não a enxergasse com olhos físicos. Esse pensamento foi um tanto assustador para aquela época, hoje este tema já é explorado até nos filmes de ficção. Na verdade, penso, toda criança cria seu universo paralelo da imaginação. Enfim, todos nós que escrevemos, inventamos um universo novo de histórias, poemas e tantas ideias. O próprio Sítio do Pica-pau Amarelo, tinha inserido em si, um mundo de fantasia imaginado pelo seu criador, Monteiro Lobato, a quem agradeço muito por sua rica mente criativa!

NÃO HÁ POESIA NEM MELHORES DIAS...


Longe se vai o tempo em que ela reinava. Em cada canto. Nas vias e esquinas.  Em todo lar, e além mar. Hoje já nem sei por onde anda, ou se ainda existe. Muito se fala, pouco se nota. Em secreto questiono, há quem a viva em plenitude? Foi a luta de muitos, e sonho de tantos outros. E continua sendo desejada. Quantos se perderam em sua causa! Sem ela nos tiram o direito de escolha, e o de ir e de vir. E temo, não a tendo, silenciarem a voz das palavras, e paralisarem os toques dos dedos nos teclados, e nas lousas, e nas areias da praia, até mesmo no embaçado dos espelhos. Sobe-me uma coragem, e grito, quebrando o silêncio que o medo me calara: Onde andas, ó liberdade?. Anseio por janelas e portas abertas a qualquer hora do dia sem o susto de ter a casa invadida, ou na rua ser o alvo certo de alguma bala que me ache e me acerte em cheio. Vivo perdida e atônita nessa prisão social. Ando farta dessa jaula que me vejo obrigada a viver. Além das grades da casa, além da fortaleza dos muros, muito mais assustador é a ausência da liberdade para pensar, para escolhas, para ser o que sou, e para aquilo que escolhi viver. Onde andas, ó liberdade? Vinde a mim! Sem ti não há rimas nem melhores dias...

PUXÕES DE CABELO!


Perto da primeira escola onde estudei havia o velhinho do doce. Uma banquinha com os mais variados doces do meu tempo de menina: Banda, Gamadinho, pirulito Zorro, Plets, Pilantra* (*era tipo uma paçoquinha, só que de chocolate meio amargo, uma delícia), entre outras gostosuras. Acontece que esses doces foram causa de desentendimento entre mim e minha irmã. Bem, na verdade, era apenas eu que fazia a confusão. Quando minha irmã Silvia Maria não tinha alguns centavos para um doce, eu puxava seus lindos e negros cabelos longos. Era um ritual constante eu agarrada ao seu belo e caprichado rabo de cavalo. E mesmo quando ela comprava doces, dessa vez eu puxava seus cabelos por querer todos! Deus, pobre da minha irmã que sofreu com as minhas pirraças turronas! De certo que as histórias de Sansão e Dalila levaram-me a crer que a força das pessoas provinha dos cabelos. E não é que parece haver um pouco de verdade na minha pueril conjectura! Eu quase paralisava a coitada da minha irmã, mesmo sendo quatro anos mais nova que ela... O sofrimento da minha irmã chegou ao fim quando meu pai certo dia me chamou e disse:

- Djinha, um passarinho me falou que você anda puxando os cabelos da sua irmã. Não faça mais isso.

Meu pai a vida toda foi um homem de pulso firme e de mãos pesadas. Apesar da sua falta de paciência, naquele dia ele falou manso comigo. Sei que surtiu efeito instantâneo, pois nunca mais puxei os cabelos de Sílvia, e morria de medo quando via algum passarinho x-nove, fofoqueiro duma figa, perto da escola! Daquele dia em diante comecei a passar pela banca do velhinho como se tivesse usando um tapa olho. Feito um cavalo, eu nem olhava mais para os lados. Olhos para frente sem chances de cobiçar um docinho sequer! Final feliz para minha irmã e nada doce para mim...

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