6 de jun. de 2009

BASTAVA APENAS TROCAR-LHE AS ALÇAS...


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BASTAVA APENAS TROCAR-LHE AS ALÇAS...


Tenho outras bolsas, acontece que na hora de sair é só ela que separo para levar comigo. Ela foi escolhida, deseja e adquirida com esmero. Não me importo com o que pensam os outros em achar que só tenho uma. É dela que gosto e me sinto bem, isto me basta.

Embora ache que esteja mesmo um pouco gasta, ainda assim continuo sendo fiel à ela. Sua aparência, reconheço, já não é tão atrativa quanto o dia em que fiz sua aquisição. Mas, nada que um pouco de álcool e boa vontade não devolvam a ela o brilho dos primeiros dias.

Uma grande amiga tinha uma bolsa linda. Linda mesmo. E vivia exibindo-se da marca, da beleza, do preço pago por ela. Depois de um bom tempo de uso, como a minha bolsa, a dela também ficou batida por tantas voltas dadas e puiu a alça.

Minha amiga nem hesitou, apesar de ter manifestado grande apreço pela bolsa, jogou-a fora no lixo. Aquela bolsa que havia sido companheira fiel de muitos momentos, alegres ou tristes foi reduzida a nada. Nem as boas lembranças foram capazes de impedir aquele ato de abandoná-la às imundícies.

Passado um tempo conversávamos e minha amiga contou-me da falta que sentia da antiga bolsa. Segundo ela, apesar de ter adquirido outras, nenhuma delas era tão boa e bonita quanto aquela que depositara no lixo...

Fiquei até surpresa quando me revelou ter jogado fora, pois a bolsa era de boa qualidade, não havia necessidade de ter desfeito dela. Então, eu falei:

- Só damos o verdadeiro valor às coisas quando as perdemos. E, não precisava ter jogado fora, bastava apenas trocar-lhe as alças...

Diante das minhas palavras, minha amiga percebeu que uma simples atitude poderia ter evitado tamanha perda.

Assim eu vejo certos relacionamentos sendo rompidos. Por causa de pequenos detalhes que poderiam ser resolvidos com diálogo, tolerância, paciência e amor, se perde e se separa, muitas vezes por orgulho e deixamos escapar pela sarjeta aquilo que era único, caro e raro para nós.

Atualmente vimos pessoas desfazendo-se de uma relação com tanta facilidade que nem cremos que havia amor ali... Pois, encontando algum defeito na pessoa amada, muitos preferem trocar por outra a perdoar, a aceitar as falhas ou esquecer os possíveis erros.

Muitas vezes, por orgulho, jogamos pessoas no lixo por pequenos detalhes que poderiam vir a ser reparados. Mas, a praticidade da troca e do conforto momentâneo proporcionado pelo novo, pelo diferente é mais atrativo e eficaz do que tentar consertar o estrago... Ledo engano, creio que muitas vezes é tão mais fácil restaurar do que tentar uma nova investida, uma nova relação.

Você pode até trocar de amor... Mas, se foi por um pequeno detalhe como orgulho ferido que impeça de conceder o perdão, não vai adiantar substituir por outra pessoa. Por mais que troque, vai sempre ficar sentindo falta do seu amor como a minha amiga sentiu da sua antiga e fiel bolsa. E uma vez jogado fora um amor, se não tentar resgatá-lo logo do lixo do abandono do seu coração, uma outra pessoa poderá aproveitá-lo bem melhor do que você soube utilizar...

Em relacionamentos devemos agir com cautela para que não venhamos tomar atitudes precipitadas. Antes devemos agir assim de modo tão simples capaz de evitar perdas e danos. Não precisa trocar de pessoa amada, basta apenas trocar-lhe as alças...





Djanira Luz
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