15 de out. de 2010

QUERO MEU INTERIOR SIMPLES COMO A VIDA NO CAMPO...





Todas as fotos desta página são do meu arquivo pessoal



QUERO MEU INTERIOR SIMPLES COMO A VIDA NO CAMPO...



Fiquei tocada com as imagens. Interessante como aquelas fotografias antigas de uma família amiga me comoveram tanto! As lágrimas escorriam em abundância sem que eu pudesse controlá-las. A comoção não foi pelo o que via: a vida dura nas lavouras, pelo trabalho pesado na construção de estradas ou pela pobreza visível. Não. Minha tristeza deu-se por perceber a miséria em que nos tornamos. A modernidade tem seu conforto e benefícios, em contrapartida temos por pagamento a frieza de sentimentos e um monte de outros defeitos que vamos adquirindo com o passar dos anos.


Quem trabalha no campo sabe o quanto são penosas as lidas diárias. Embora hoje muitos possuam maquinários que auxiliam no desempenho das tarefas, alguns serviços permanecem manuais. Só que identifiquei grandes diferenças na população rural do tempo das fotos antigas com a população rural atual. Em muitas o progresso chegou e quase já não distinguimos zona rural com a zona urbana, pois a televisão, a telefonia fixa e móvel, a internet e os jogos eletrônicos estão acabando com os bons hábitos rurais.


Sinto saudades de quando visitava os sítios do interior. Lembro-me bem de como ficava encantada com a vida natural. Da mesa nos alimentos saudáveis e típicos da região como nos hábitos interioranos, onde a tranquilidade fazia-me esquecer da correria da cidade grande. As brincadeiras eram manuais. E lá nem fazia falta para a diversão toda esta parafernália moderna que temos. Apesar da simplicidade dos alimentos, dos hábitos e brincadeiras, tudo era de uma riqueza infinita. Havia tanta gente na casa mais parecia uma grande família. Mas não era! Eram amigos, vizinhos que se reuniam para a partilha da palavra e do pão. Puxa, era a paz acontecendo! Era lindo! Até eu que não era daquele ambiente sentia-me inteiramente parte da família de tanto carinho e união entre nós.


E assim vinte anos se passaram! Hoje, além da vida apressada, da violência crescente, o interior está sendo invadido pelos produtos industrializados. Fiquei um tanto decepcionada quando vi a dona da casa usando tabletes de caldo de frango para preparo dos alimentos. Lá fora, em sua horta, uma riqueza dos mais diversos e aromáticos temperos frescos, saudáveis sendo trocados por condimentos processados. Além do caldo de galinha usado pela cozinheira, outros enlatados foram empregados para o preparo do almoço. E a facilidade, as trocas não paravam por aí. O jovem da família trocou a alegria de tocar viola pelo jogo no vídeo game e a adolescente que tanto apreciava uma conversa com a família, calou-se em seu computador num diálogo pobre com mil “amigos” desconhecidos no portal de comunicação.


Claro que todos têm direito aos benefícios e confortos da atualidade! Acontece que certos costumes deveriam ser preservados. A calmaria da vida no campo. O sabor natural dos alimentos. A cantoria alegre de uma viola. As conversas simples e animadas das famílias unidas. A partilha dos amigos, onde a troca de abraço vale bem mais que mil amigos pela internet.


Sinto saudades da vida natural. Sinto saudades dos sentimentos puros e verdadeiros. Gostaria que a vida no campo não perdesse sua identidade modesta. Mas o que meu coração moderno deseja imensamente é que o interior de cada pessoa, a alma seja assim como a vida rural de tempos idos. Pura, sossegada, sem pressa para ouvir, abraçar ou consolar a quem necessitar de conforto. E, mais do que tudo, a alma viva sem pressa, sem o desejo de ser atual para não perder a beleza das coisas boas e simples.


















Djanira Luz














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