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UM RIO DE LÁGRIMAS DE JANEIRO A JANEIRO... (Crônica lamento)
Tanto quis que fosse de janelas e portas abertas para a liberdade de uma vida feliz sem medo de bicho animal ou animal gente entrar sem convite. Imaginei construí-la de madeira como a dos sonhos que menino deseja ter sobre a árvore. Os muros seriam de palha. Todos que fossem até lá lembrar-se-iam do aconchego da manjedoura quentinha que abrigou o Menino Jesus e, deste modo, igual conforto sentiriam no amor irradiado do meu sorriso em recebê-los.
Percebo quão distante está este desejo na realidade vista nos muros altos erguidos em torno da casa. É impossível manter portas e janelas abertas ou sem grades. A crueza conscientiza-me da crescente violência nas cidades. Obrigo-me a aceitar o Forte no lugar da casa da árvore. E, nada de palhas! Vem a mente a história Os Três Porquinhos com suas casas de palha, madeira, tijolo e, nunca antes me pareceu tão atual. Com tantos maus lobos à espreita, de repente um sopro de maldade chega derrubando vidas dos que trazem esperanças suadas dos dias com casas de madeira e muros de palha.
Como o Porquinho precavido da casa de tijolos, já assimilo a ideia em construir seguras fortalezas com muros altos, cercas elétricas, câmeras de vigilância, cães adestrados. Dentro da casa há tesouros, jóias raras, belezas ímpares. Todos os valiosos diamantes: filhos, marido, pai, mãe, etc. Enfim, toda esta gente de bem a mercê de lobos maus que sem dó assopram-nos o amor de palhas quentes e aconchegantes levando embora alegrias, trazendo-nos o medo frio da morte.
Ainda bem que os bons caçadores de lobos maus estão de volta! Meu Rio que chora, carece deles...