11 de jan. de 2019

RISCOS DO CORAÇÃO


Por suas mãozinhas corriam riscos no papel tentando criar histórias. Não passavam, porém, das garatujas. A vida em galope seguiu avante na pressa do tempo que não descansa, e na velocidade das horas que seguem como o fôlego de menino que não sabe correr, só voar de tanta energia. Os meros riscos que corriam pelos papéis e paredes deram lugar às ameaças da vida que precisava enfrentar todos os dias. Desde o banal pavor em manusear a panela de pressão, ou do susto de levar choque, aos mais complexos como o de perder alguém que ama, ou de cruzar a cidade e esbarrar na primeira esquina com a violência urbana. Tendo a certeza da ida sem a garantia da volta para casa. O maior risco, porém, quem passou foi seu coração quando se apaixonou. No amor não há salvaguarda nem ninguém que impeça as alegrias ou os fiascos nesse encontro a dois. Amar é arriscar-se por uma senda com medo e desejo para o que tiver de ser. Alegria total ou nada tanto assim. Em resumo, a vida seria um bocado chata se não houvesse aventura para nos aumentar a adrenalina!   

A DOR QUE NÃO É MINHA...


Por onde andei todo esse tempo que me perdi de mim? Com que sonhos adormeci esquecendo-me de viver florindo? Fugas. Desilusões. Utopias. E a vida atolada em problemas que não são meus. Eu só, sou só sorrisos. Eu só, a vida é leve, é brisa fresca, é mente aberta, é visão cristalina da vida, mas a gente nunca é só. A gente é pluralidade. Múltiplos de riso, de dor, de lamento, de sustos, de perdas, de desencontros, e de um monte de tudo que nem deveria existir coisa triste assim. Por onde andam as boas ideias e as risadas frouxas, dessas que se desprendem do íntimo sem força, sem motivo, e que escapam pelo simples fato da alegria gratuita e simples de ser. Gosto da vida, e gosto de mim, dessa minha resistência em ser feliz ainda que bombas explodam aos meus pés. Gosto da vida, mesmo com toda essa pintura feia que o mundo tem colorido os dias de todos nós. Aprendi, finalmente, a ouvir a dor e as lamúrias alheias. Absorvê-las, não. Permito que passem por mim, mas não permaneçam em mim, porque abro brechas para que saiam. Muitas vezes escorrem pelas janelas dos meus olhos, e se vão para não mais voltar. O que fica é o alívio, e a certeza que amanhã Deus me pintará sorrisos lindos na face, e o Sol, mesmo detrás das nuvens me acenará com um oi, feliz bom dia. Então é isso! Essa esperança que me faz bem para recomeçar uma nova aventura toda manhã de luz e paz, de graça e bem.

ACORDA, DONA LÍRICA!


Por muitas décadas, janela foi o point preferido das fofoqueiras, através dela podiam saber tudo o que se passava na vizinhança.  Não raras vezes se ouvia algum menino mais endiabrado gritar: - Saia da janela, velha fofoqueira! -. Com a evolução dos anos, e do avanço tecnológico com seus aplicativos de redes sociais, as fofoqueiras trocaram as janelas das casas pelas janelas das mãos. Hoje se sabe de tudo, e um pouco mais, com o toque do dedo. A velocidade das informações pôs quase em desuso o concorrido jornal impresso com as notícias frescas. Agora nem tão frescas. Há momentos que sinto uma vontade atrevida, dos guris do passado, e gritar a mesma frase para as bytesfofoqueiras que não desgrudam os olhos da janela virtual. Por outro lado, volta e meia, e mais meia volta, eu me pego com a mente aberta divagando como seria o mundo do jeito que gostaria que fosse. É tão divino o imaginado a ponto de não querer sair desse sonho, mas a realidade me grita e sacode com suas mãos fortes e racionais: Saia da janela, Dona lírica! Então, para não me distrair, adormecer e cair da janela como o jovem Êutico, opto por olhos despertos, e aproveito o melhor, o belo e o mais importante que há ao meu redor.
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