10 de ago. de 2010

MULHER DE MUITOS...










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MULHER DE MUITOS...

Não compreendia o modo como escolhera viver a vida. Com a experiência dos anos, porém, assimilei que certas atitudes são ilógicas, dispensam discernimento.

Na segunda, o moreno. Homem culto, de pouca fala. O qual se diz toda mãe deseja para a filha. Na terça, o ruivo aparecia. Todo falante, barulhento, jeito de gringo irlandês. Era o dia mais festivo da semana. O loiro surgia na quarta. Lembrava um galã de cinema que as meninas da rua cobiçavam obter dele nem que fosse somente uma troca de olhares. Quinta era dia do mestiço. O ar de mistério dava-lhe o perfil de bom amante. Sexta era dia do afrodescendente. O deus negro viril, sedutor, cheio de ginga e melodia. Sábado era dia do branco. Tímido, discreto. Apesar da aparência comedida, algo nele não inspirava confiança. Domingo era só dela. Para se recompor, talvez. Pudera! Diziam, a vizinhança, que sofria moléstia compulsiva sexual.

Eu imaginava que gostava de variar não só de homem, mas de cor. Um arco-íris sexual. Sua vida libidinosa não era por dinheiro. Não! Nunca recebeu qualquer quantia ou presentes pelas horas de delícias carnais. Dizia sentir pena dos seus homens. Por isso se doava com o corpo para as carências deles. Segredara em seu diário, intimidades de cada um dos amantes. Ou amados? Revelara que todos eram famintos de afeto e prazer. Gostava deles e não saberia viver com um. Desejou unir os adjetivos e fazer dos seis um só homem. Como era impossível, viveria a multiplicidade daquela relação luxuriosa.

Ria deles por acreditarem serem únicos para ela. Eles, não. Eram plurais. Ela sim os tinha todos únicos para si. Nunca conseguiu viver com um apenas. A vida toda foi assim, mulher de muitos homens.




Djanira Luz




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