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Djanira Luz é a nova entrevistada no Planeta Literatura: "Bem, sou uma carioca de quarenta e quatro anos de bem com a vida! Aliás, sou uma mistura brasileira, meu pai é baiano, minha mãe é de Teresópolis, região serrana do Rio. Nasci no Rio de Janeiro em 18 de janeiro e moro há sete anos em Nova Friburgo, uma cidade charmosa da região serrana do Rio. Subi a serra depois que minha família sofreu uma grande violência na capital. Apesar do ocorrido, continuo amando o meu Rio. Casada, dois filhos que são a minha melhor parte! Sou muito discreta e pouco falo de mim. Quando decidi postar meus textos na internet, esse foi um dos maiores desafios, a de chegar a hora de me expôr... Enfim, sou uma mulher simples que inalou um pouco do "pó de pirlimpimpim", do Peter Pan, para que assim aprendesse a voar com a imaginação. E consequentemente adquiri o complexo de Peter Pan, pois me recuso a crescer para não perder o poder de voar pelas letras... Tudo mais sobre mim, o tempo o dirá... Muito prazer, eu sou a Djanira Luz!".
Na arte de viver, qual pode ser o significado da poesia? Djanira - Enquanto leitora, um estímulo para a vida, um alento para a dor, um sorriso a mais na alegria. Enquanto autora, um prazer imenso poder exteriorizar aquilo que vai dentro em mim. Algumas vezes a poesia sai do que sinto, na maioria é o que percebo no cotidiano, o que consigo captar nos sentimentos da humanidade. Em suma, é algo divino. Escrever não é empilhar tijolos. Como funciona seu processo criativo? Djanira - Sabe que tem dias que acordo no meio da noite e noto ideias que surgem? Algo fica falando na cabeça "escreve isso e aquilo outro", então rascunho num caderno que sempre deixo ao lado da cama. Tem um poema em especial que foi bem interressante... Eu estava em casa sozinha à mesa para o dejejum quando ouvi uma voz parecida com a Caymmi cantando na minha cabeça, peguei o caderno e, como se psicografasse, escrevi "Esquecer aquela mulher". Era para ser uma canção, pois toda vez que leio, fico brincando cantando grosso feito Caymmi. Como não sei musicar, fica como poema. Muitos vão me achar louca por revelar isso. Mas eu direi isso é que é inspiração! Sim! Vem do nada e chega como um presente. Eu nunca escolho sobre o que escrever. De repente sinto vontade e simplesmente escrevo, sem ficar horas pensando. Flui naturalmente. Outro dia você dedicou um poema "ao que sofre". Por quê? Djanira - É! Observando as pessoas em geral, percebo quanta carência há no mundo. Não me refiro apenas a carência material, mas do amor. A escassez de tempo, a busca desmedida pelo poder, pela ascensão profissional e o sexo fácil estão aniquilando e banalizando o amor. E o ser humano começa a sentir o efeito de tudo isso e sente o desejo de resgatar o amor, o carinho, os sentimentos verdadeiros e não esse jogo de interesses, onde relacionamentos acontecem de olho na conta bancária do outro. Até mesmo pela internet identifico essa carência, essa fome de amor e carinho. Em outro site literário, em que posto meus textos, recebo muitos e-mails de homens dizendo-se apaixonados por mim. Mas não é amor. Eles se apaixonam pelo que escrevo e personificam em mim a mulher ideal que desejam ter ao lado. Um site literário onde muitos usam como site de relacionamentos, percebe nisso a carência deles? Por isso escrevi "ao que sofre". Mas, longe de ser amarga, faz humor em forma de versos... Djanira - Sim! O bom de escrever é poder ser o que quero e quando quero. Homem, mulher, homossexual, criança, idoso, Deus ou diabo, enfim, tenho uma gama de possibilidades quando escrevo. Gosto de brincar com as palavas, fazer graça, faz parte da minha verve. Às vezes posso ser divertida, como Ziraldo quando escrevo humor leve, ou mais ríspida com as palavras que lembrem Rimbaud, Baudelaire, Byron, Álvares de Azevedo. Quem leu meu poema "Pacto desfeito" deve entender o que digo. E quando estou mais atrevida em poemas mais ousados, sou Bocage com sua exuberância... Posso ainda brincar de Stephen King ou Edgar Allan Poe nos textos de terror. Uma delícia usar de humor para escrever, a minha alma carioca fala alto nessas horas. Quando aborda tema social, qual é o papel da literatura? Djanira - De dar um toque no sociedade, dar uma sacudida, dizendo, "hei, você pode ajudar", "faça a sua parte", "vamos tentar mudar o futuro para nossos filhos e para essas crianças carentes com sede de alimento e de amor". Quem escreve tem o poder e deveria ter obrigação de usar a ferramenta que tem em mãos para o bem estar social. Quando sofri a violência no Rio, dois dos que invadiram minha casa eram jovens de, no máximo, vinte anos de idade. Havia ódio naqueles olhares, mas havia também a carência que os moveu a ter inveja dos que conseguiram vencer na vida honestamente. Não consegui sentir ódio ou raiva deles mesmo naqueles momentos em que, agressivos, apontavam armas para minha família e para mim. Enquanto subtraíam nossos objetos, via que a falta de amor e de bens materiais podem deformar a índole de uma criança, de um adolescente e quando jovem, vão buscar de um jeito torto a carência que teve na infância. Por isso cabe a literatura, a mídia e todos aqueles que têm o poder de comunicação tentar fazer alguma coisa que beneficie quem precisa e freie a violência ainda no berço. A sensibilidade poética facilita a compreensão das dores do mundo? Por quê? Djanira - Certamente. Geralmente quem escreve observa mais para poder expressar com maior fidelidade os acontecimentos e consequentemente compreende melhor os problemas do mundo. Posso falar por mim. Quando escrevo, procuro me colocar no lugar daquele que sofre ou que ama ou que perde o amor, o emprego, e desta forma fica bem mais fácil sentir a dor dos que sofrem. Se não existisse a Internet, esta entrevista não existiria também. O que você destaca como positivo e negativo nessa forma de aproximação das pessoas? Djanira - POSITIVO é que encurta distâncias entre pessoas e possibilita adquirir mais conhecimentos pela facilidade de sites de informações disponibilizadas ao simples toque dos dedos. Como se fôssemos mágicos, temos o poder nas mãos de viajar sem sair do lugar, de conhecer lugares e pessoas do mundo inteiro através desta janela para o mundo! NEGATIVO é o mau uso da internet por pessoas mal intencionadas que pensam que internet é terra de ninguém e prejudicam por acreditarem que, por este canal de comunicação, podem transgredir impunimentes, podem plagiar e cometer crime de falsidade ideológica, entre outras coisas. Infelizmente não dá para confiar em muitas pessoas, pois se mostram de um jeito diferente da realidade. Esse lado que torna perigosa a relação entre internautas. Há de se ter cautela, pois nunca sabemos quem de fato está do outro lado da tela. Se tivesse o dom da onipresença, em que outro lugar estaria, agora? Djanira - Respondendo-lhe estas perguntas, pessoalmente, adquirindo um exemplar do livro UMA NOITE DE AMOR com a ousada exigência de uma caprichada dedicatória! Hehehe Ah, e aproveitaria para dar um passeada pelo Parque Farroupilha, que só conheço por fotos. Ganhei de um amigo gaúcho o livro IMAGENS GAÚCHAS, da editora RBS Produções, onde tem imagens belíssimas do Parque. Como é "um dia mais que perfeito"? Djanira - Refere-se à minha prosa poética? Sim. Djanira - Não precisa ser aquele dia lindo de primavera, mas a primavera tem que se fazer dentro de mim. Sabe aqueles dias cinzas e frios de inverno e que por dentro você está queimando em verão de alegria? Então! Esse é UM DIA MAIS QUE PERFEITO! Tipo de dia que independe do externo, depende da companhia e do que vai no interior do coração. Hoje, agora, aqui é um dia mais que perfeito porque estou respondendo com alegria e prazer sobre minha paixão que é escrever! Obrigada pela oportunidade da entrevista onde pude desvendar mais um milésimo de mim... Beijoquinhas. |
Clesio Boeira. Jornalista. |
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;Djanira LUZ